As caixinhas "moráveis"

Agora estão criando caixinhas "moráveis". Coisas da arquitetura. E arquitetura é aquela coisa que quase ninguém sabe pra quê serve de verdade, por ser tão abrangente. Talvez uma boa opção para se entender de forma rápida em que consiste tal ofício, seja a clássica pergunta: Afinal, a casa do joão-de-barro é arquitetura ou não?! E a resposta é: não, não é.

E não é, pelo simples fato de que não abriga o homem. O objetivo principal da arquitetura é abrigar o homem e de preferência, da melhor maneira possível. Mesmo que seja em caixinhas "moráveis", digo, contêineres.

Eis que surge uma nova "tendência" da arquitetura. Criar habitações através do uso de tais "recipientes" metálicos. Não sou contra, cada um faz o que acha melhor, mas talvez seja apenas uma "moda". Como se não bastasse a tal "arquitetura verde", que nada mais é do que a tentativa de transformar as habitações utilizando o máximo de vegetação para um melhor conforto do usuário, adequando-a também a um melhor aproveitamento de energia. Uma arquitetura "sustentável" é um termo meio contraditório pra mim.

Explico por que acho uma contradição. A meu ver, arquitetura sempre deveria ser "sustentável", no sentido de propiciar as melhores condições possíveis de ventilação, iluminação e acústica, o que acarreta em economia de energia, claro... Senão, por que fazer os arquitetos perderem tanto tempo com disciplinas versando sobre conforto ambiental em cada um dos seus aspectos?!

Eu não entendo direito, mas preferiram encher as edificações com condicionadores de ar ao longo do tempo, ao invés de pensarem numa solução melhor para ventilar. Ah sim, deve ser porque "lá fora", nos lugares tipicamente frios, os prédios exibiam imensas fachadas de vidro e ficava bonito, sabe?! Aí fizeram por aqui, para não ficar "por baixo". Afinal, é preciso acompanhar as novidades. São pragas, digo,coisas da modernidade.

Mas, voltando às caixas metálicas, pode até ser interessante, porém pode sair caro. Até porque os contêineres não têm culpa de ser tão ineficazes do ponto de vista térmico, em especial. Claro, não foram feitos pra isso. E para que se tornem habitáveis, é preciso uma série de cuidados e tratamentos. Meio caro. Mas as pessoas não parecem se importar tanto assim com isso. A prova é que veio se disseminando a algum tempo e agora chegou aqui. É um pouco excêntrico morar numa caixinha ou ainda, numa composição feita de várias caixinhas metálicas, mas devidamente tratadas, claro...

Bem, cada cabeça é um mundo e estamos aqui para nos adaptar às novidades, aliás a capacidade do ser humano de se adaptar é incrível. Imensurável.

Ainda não tenho uma ideia muito firme sobre isso, confesso, mas pra ser sincera, por enquanto, ainda prefiro a boa e velha alvenaria.

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Imagem: Comunicação Exponencial