sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Nunca mais a nossa velha intimidade

"Nunca mais a nossa velha intimidade", disse Herbert. Eu digo nunca mais tantas outras coisas, além da intimidade.
Nunca mais os cabelinhos de algodão. Nunca mais o rostinho branco de talco após o banho e nem as malcriações tão bonitinhas que não assustavam em nada, mas antes enterneciam meu coração. Nunca mais a praia em águas rasas (mais fundo nem pensar!). Nunca mais o sorriso engraçado. Nunca mais a alegria em ver tão genuína apreciadora de forró. Nunca mais as histórias da roça, do seu tempo de menina, como as rãs que lhe custaram uma super bronca da mãe. Nunca mais serei uma "santa divina" aos olhinhos de ninguém. Nunca mais uma "expectadora" tão entusiasmada dos meus quebra-cabeças. Nunca mais dois presentes no dia das mães.
Mas há também os "sempre" e são muito maiores do que os "nunca".
Sempre terei no coração o amor por ela. Sempre as lembranças das balinhas Soft sabor café e café com leite (em papel de embrulho) nas tardes de quinta-feira, quando criança. Sempre minha fiel companheira nas minhas noites insones em que a asma me visitava e eu dividia o mesmo quarto com ela. Sempre lembrarei da incredulidade dela por eu virar noites a fio em meio aos recortes das minhas maquetes (pra ela sempre tão bonitinhas). Sempre será a velhinha mais vaidosa que já conheci e a que mais gostava de dançar. Sempre será minha vozinha linda e querida. Sempre.
O tempo não volta, não deixa de correr, mas não apaga tudo. Não apaga o amor. Nunca. Não se for verdadeiro. No momento ainda sinto um grande pesar, mas posso assegurar que mesmo privada da sua presença, posso dizer que sou muito feliz por ter tido tão valoroso amor da parte dela. E muito me alegra saber que ela tinha inteiro conhecimento da reciprocidade desse sentimento, sempre tão explícito nos meus gestos e atitudes para com ela. Que Deus te abençoe sempre, minha amada vó.
E por isso, digo mais uma vez: Carpe diem. Afinal, a gente nunca sabe até quando...

6 comentários:

  1. Até quando?! Minha vó e as particularidades dela não me escapam da memória jamais! Belo querida beijos.

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  2. Dora, sinto muito mesmo. Seu post, apesar de muito bonito, me deu um nó na garganta. Sou muito apegada a minha avó que me criou (ao lado da minha mãe) desde que nasci.
    Fique com as boas lembranças. Quando a dor vier, afaste-a cantando uma música que sua vovó gostava.
    Beijos

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  3. Ah, Dora, sinto muito. Ontem fez 3 anos que minha avó morreu. Eu sei bem a falta que ela faz, mas logo esse choro de tristeza passa e sobra só o choro de saudade. De saudade de todas as coisas boas!
    Beijo

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  4. "O tempo não volta, não deixa de correr, mas não apaga tudo. Não apaga o amor. Nunca."

    ai ai
    tu sabes então o qto me sofro por esta mesma saudade...elame visita quade que diariamente...este m~es completa anos q ela se foi e deixou em mim só saudades e muito amor!

    :)
    bjs pátu!

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  5. Dorinha! Voltaste ao mundo das teclas, querida??? E logo com um post de arrepiar como este!
    Perdi minha vó ano passado...Sexta foi meu aniversário e senti demais a falta dela. Mas também a senti presente, me dando os parabéns com seu sotaque português...Ouvi sua voz tantas vezes durante o dia. Ah..vai entender. Nada mal para uma atéia, né?!
    Bjos, Dorinha. Que sua dor se transforme na saudade gostosa! Fica bem!

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  6. Felizes daqueles que podem compartilhar uma parte da sua vida com os avós.
    Fui feliz também.
    Mas tudo passa, querida Dora. Ficam as lembranças e saudades.

    Beijos

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