Momentos descaleidoscopizados

Ansiedade, angústia, tristeza, frustração. Não é uma lista muito alegre, reconheço. Mas é inevitável na vida de todo mundo. Nem sempre a vida é como num caleidoscópio. Às vezes fica tudo sem cor. Fica tudo feio mesmo.
É a vida. Não se vive só de momentos bons. Os maus são um filtro. Um parâmetro, talvez. Sem eles, ninguém saberia distinguir um dia ou uma fase boa de outra nem tão boa assim.
É difícil acreditar, mas acho que o sofrimento é muito necessário sim. E, é muito mais benéfico do que se imagina. Ele mostra certos limites. A fragilidade aflora e então nos damos conta de que não somos tão imbatíveis assim. Nos damos conta de que as coisas não são tão indestrutíveis assim. Nos damos conta de que nada é tão eterno assim.
Nada dura para sempre. Ainda bem. E tudo sempre se resolve. Por bem ou por mal. Há sempre uma solução. Ainda que não seja a melhor ou mais feliz.
Seria uma ideologia conformista?! Acho que não. Isso é coisa que se aprende nos momentos em que a vida deixa de ser um caleidoscópio. Momentos “descaleidoscopizados”...
Mas além de tudo ficar monocromaticamente chato... é preciso que se pondere cuidadosamente que não adianta alardear o sofrimento pelos quatro cantos do mundo, querendo mobilizar a população mundial. Não adianta descontar os maus momentos nos outros.
Buscar um ombro amigo é até bom. E acho que todo mundo faz... mas não adianta fazer “cara feia” pra ninguém, porque em meio aos meus momentos “descaleidoscopizados” aprendi mais uma coisinha que já foi muito bem dita por Mário Quintana: “O pior dos nossos problemas é que ninguém tem nada com isso". E ele tem razão. Não tem mesmo.